Pouco comum nos dias atuais observarmos o céu, uma noite estrelada.
Crianças, jovens e adultos têm passado pela Terra sem voltar os olhos para o céu. Isso equivale a dizer que passam pela vida material com pouco ou nenhum conhecimento de noções elementares de Astronomia. Igualmente as escolas, com raras exceções, incentivam tal prática ou se preocupam em transmitir aos seus alunos tais saberes.
O mundo material está repleto de atrativos de todo tipo, desviando o interesse humano sobre conceitos transcendentes. O Sol nasce e se põe, a Lua brilha e se esconde, as estrelas cintilam e se apagam sem que esses espetáculos da Natureza consigam chamar a atenção da maioria das pessoas... A concentração da população humana nos centros urbanos também dificulta a visualização do céu noturno devido à claridade das luzes das cidades, o que contribui para a falta de interesse nessa área.
O Espiritismo é uma doutrina que nos convida ao estudo incessante, não apenas de seus princípios, mas igualmente ao conhecimento de outras ciências, como fundamento para maior compreensão da grandeza divina e de sua criação. A literatura espírita, através de sábios Benfeitores Espirituais, traz noticias sobre estrelas e planetas onde seus habitantes já atingiram um desenvolvimento espiritual mais avançado do que a Terra.
Sendo esse tema extremamente extenso, apresentaremos apenas algumas obras nas quais há referências sobre estrelas e planetas que podem ser facilmente observados a olho nu, especialmente na época do verão.
Segue algumas estrelas:
Capela: citada no livro “A caminho da luz”, ditado pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, no capítulo 3:
“Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, de sua família de mundos, cantando as glorias divinas no ilimitado. A sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face da Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente entre a Capela e o nosso planeta, já que a luz percorre o espaço com a velocidade aproximada de 300.000 quilômetros por segundo. Quase todos os mundos que lhe são dependentes já se purificaram física e moralmente, examinadas as condições de atraso moral da Terra, onde o homem se reconforta com as vísceras dos seus irmãos inferiores, como nas eras pré-históricas de sua existência, marcham uns contra os outros ao som de hinos guerreiros, desconhecendo os mais comezinhos princípios de fraternidade e pouco realizando em favor da extinção do egoísmo, da vaidade, do seu infeliz orgulho.”
- Significado: cabrita
- Constelação do Cocheiro (Auriga)
- Cor: amarela
- Distância: 42 anos luz da Terra
- 150 vezes mais luminosa que o Sol
- Visível facilmente entre as constelações de Touro e Gêmeos, cintila no céu como um rápido pisca-pisca; isso acontece porque, na verdade, ela é uma componente de um sistema formado por quatro estrelas.
Sirius: citada no livro “Renúncia”, ditado pelo Espírito Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, no capítulo 1 (página 26 da 13.a edição, FEB). A citação dessa estrela se dá durante o diálogo entre Alcíone, um Espírito altamente evangelizado que não necessitava mais reencarnar na Terra devido ao grande progresso espiritual alcançado, e o orientador Antênio, a Entidade Angelical que, por sua elevada posição hierárquica, ali cumpria as determinações de Jesus na colônia espiritual onde viviam:
“- Anjo amigo, deliberei suplicar ao Senhor a permissão de voltar temporariamente às tarefas terrenas.
- Como assim? – inquiriu Antênio admirado – acaso todos nós permanecemos aqui impossibilitados de auxiliar o planeta terreno? Não estamos a serviço do Cristo, no afã espiritual de reerguer esse orbe?
- Explico-me – disse a recém-chegada timidamente – rogo a concessão de um corpo carnal, caso Jesus me conceda essa dádiva.
O generoso mentor contemplou-a com amoroso respeito, compreendeu-lhe as intenções mais íntimas, esboçou um sorriso de bondade e perguntou:
- Mas, teus trabalhos no sistema de Sírius? Não estás cooperando com os benfeitores da Arte terreal? Acredito não vir longe a época de serem levados ao mundo terreno os necessários elementos de inspiração, depois do resultado de tantos esforços para a solução de certos problemas do ritmo e da harmonia.(...)”
- Significado: do grego, “cintilante”
- Constelação do Cão Maior
- Cor: branca
- Distância: 8,7 anos luz da Terra
- 23 vezes mais luminosa que o Sol
- Visível de qualquer parte da Terra é a estrela mais brilhante da noite.
Plêiades: citadas no livro “Transição planetária”, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco, no capítulo 3. Um benfeitor espiritual dirige-se a uma assembléia nas dimensões espirituais, da qual participava o autor espiritual:
“Veneráveis administradores, almas irmãs nossas de todas as dimensões: saudamo-vos a todos em nome do Senhor do Universo. Representando a formosa esfera de amor que se encontra instalada numa das Plêiades, envolta em vibrações especiais constituídas de fótons que formam uma luminosidade em tons azuis, aqui estamos, atendendo à invitação do Sublime Governador do planeta terrestre (...)”
Sobre as Plêiades:
- Significado: bando de pombas ou navegantes
- Constelação: É o aglomerado de estrelas mais brilhante em todo o céu, localizado na constelação do Touro. Seis das estrelas nas Plêiades são visíveis sem o auxílio de telescópios. Aproximadamente 500 estrelas pertencem ao aglomerado estelar aberto das Plêiades e a maioria delas são fracas.
- Cor: azul cintilante
- Distância: 380 anos-luz
- Visualização: somente nas noites sem lua e mesmo assim, com uma visão muito acurada. Somente nos locais mais afastados das luzes da cidade é que se torna mais fácil sua observação.
Como localizar essas estrelas no céu:
A melhor época para localizar, com facilidade, essas estrelas no céu noturno, é no verão, a partir de dezembro. A imagem abaixo está exatamente da mesma maneira como se estivéssemos olhando para o céu, com as “Três Marias” bem à nossa frente.
1. Escolha, durante o dia, pontos de referência para os quatro pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste); pode ser uma torre, um edifício, uma árvore, etc. É fundamental saber se localizar dessa forma pois os pontos cardeais fornecem a referência noturna para a visualização dessas estrelas.
1. Estrela Sírius
2. As “Três Marias”
3. Estela Aldebaran (Constelação de Touro)
4. Plêiades
5. Capella
Regra prática:
Coloque, sob o seu campo de visão, a mão direita com os dedos indicador, médio e anular dobrados “sobre” as Três Marias. Estique o dedo mínino para a direita: ele vai se sobrepor à estrela Sírius (muito brilhante). Estique o polegar para a esquerda: ele vai se sobrepor a uma estrela avermelhada; é Aldebaran (Constelação de Touro).
As Plêiades, embora muito brilhantes, aparecem muito pequenas; mesmo assim, é possível identificá-las pois apresentam a forma de um terço aberto.
Ao Norte, quase na linha do horizonte, aparece Capela, muito brilhante e piscando com muita intensidade. Note que as estrelas 1-2-3-4 estão quase “em linha reta”!
Planetas do nosso sistema solar visíveis a olho nu:
Allan Kardec, na Revista Espírita de março de 1858, escreveu o artigo “Júpiter e alguns outros mundos”, no qual trata da evolução moral e espiritual dos seres que habitam esses planetas. Para não nos estendermos demasiadamente sobre o assunto, repassamos apenas o trecho relacionado a Júpiter.
“De todos os planetas, o mais adiantado em todos os sentidos é Júpiter. É o reino exclusivo do bem e da justiça, porque só tem bons Espíritos.(...) A superioridade de Júpiter não é só no estado moral dos seus habitantes; é também na sua constituição física (...)”.
Encontramos, igualmente, em alguma obras do extraordinário e célebre astrônomo Camille Flammarion (França, 1842-1925) - “Narrações do infinito” e “Urânia” - descrições sobre o estado moral, espiritual e intelectual de habitantes de outros sistemas solares.
O período do verão e parte do outono é aquele no qual mais facilmente podemos visualizar Júpiter, Marte e Vênus.
Júpiter: em setembro de 2010 a trajetória desse planeta esteve no seu ponto mais próximo da Terra. Júpiter leva aproximadamente 12 anos para completar uma volta em torno do Sol e esse fato voltará a ocorrer novamente somente em 2022. No verão, logo que anoitece, ele surge, exuberante, no alto do céu, deslocando-se para oeste.
Vênus: é mais conhecido como “Estrela-dalva”, mas, infelizmente, poucos sabem que se trata de um planeta e não de uma estrela. No verão, assim que o Sol se põe, a oeste, ele surge no céu, muito brilhante.
Marte: esse planeta se aproxima da Terra a cada dois anos. Em 2012, a partir de fevereiro, ele poderá ser avistado novamente no céu noturno. Logo após o anoitecer, ele surge na direção leste, sendo facilmente observado por apresentar forte tonalidade vermelho-alaranjado.
Mercúrio: Por estar muito próximo do Sol, sua visualização só é possível assim que o Sol nasce ou então, quando ele se põe, bem na linha do horizonte, apenas por alguns momentos.
Saturno: A visualização desse planeta é melhor nos meses do outono e do inverno, quando surge “próximo” a estrela Espiga, da constelação de Virgem.
Esses temas, naturalmente apaixonantes, tornam-se incrivelmente envolventes quando associamos essas duas ciências – Astronomia e Espiritismo – as quais nos fazem recordar que estamos nesse mundo apenas como peregrinos de uma longa viagem rumo à perfeição.
Mesmo sendo a Terra tão pequena como um grão de pimenta no Universo, quantos cuidados ela não mereceu, e continua merecendo, de Jesus e de seus engenheiros siderais! Quantas maravilhas a Natureza nos oferece para estudo e meditação! Quanto ainda temos para aprender, mesmo estando, ainda, ligados à Terra.
Encerramos recordando um trecho do poema “Deus”, de autoria de Eurípedes Barsanulfo (1880-1938), brilhante professor, que não deixou de apontar o céu para seus alunos, na bucólica Sacramento, MG, em suas aulas de Astronomia, no Colégio Allan Kardec.
“O Universo é obra inteligentíssima, obra que transcende a mais genial inteligência humana. E, como todo efeito inteligente tem uma causa inteligente, é forçoso inferir que a do Universo é superior a toda inteligência. (...) Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, na formação das nebulosas, na origem dos mundos, na gênese dos sóis, no berço das humanidades; maravilha, no esplendor, no sublime do Infinito! ...”
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